Jodhpur – a Blue City com Bollywood à mistura

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    07/08/2013, por volta das 19h

    Finalmente chegamos a Jodhpur!
    What a bumpy ride!!


    Jodhpur é a segunda maior cidade do Rajastão (logo a seguir a Jaipur), com cerca de 1.2 milhões de habitantes. É apelidada de “blue city”, uma vez que maior parte das casas que rodeiam o forte da cidade – forte Mehrangarh – têm as suas fachadas pintadas de azul. Pensa-se que esta “corrente” terá começado quando os Brahmins ( o Clero, a classe mais alta do sistema de castas indiano) começaram a pintar as suas casas de azul para assinalar o seu estatuto elevado e para o rei conseguir identificar as suas casas a partir do forte. Ora a ser verdade, a moda espalhou-se ao longo dos tempos, dando origem ao que vemos abaixo.
    bluesaraoldman
    Para além disso, o indigo (na planta usada para dar esta cor) é conhecido por ajudar a afastar os mosquitos.

    Não é também incomum ouvir falar de Jodhpur como a “sun city”, dado situar-se perto do deserto do Thar e, por isso mesmo, acolher temperaturas bem puxadinhas! =)
    A circundar o forte está a “cidade velha”, a qual está ligada por uma muralha com vários portões, e logo depois encontrámos a tipicamente caótica “cidade nova”.
    Planeámos ficar 2 noites (ambas no interior da cidade velha) e depois partir para Amritsar, outra cidade bem próxima do Paquistão, mas bem mais a Norte que Jaisalmer.
    O simpático e absolutamente indiano na estrada, Sajid, que já tinha tentado ganhar a sua comissão nos tecidos, nas jóias, nos tapetes e até nas especiarias, convenceu-nos a visitar o hotel do amigo para vermos o quarto onde poderíamos, eventualmente, passar a segunda noite.
    “You see the room and if you like it, you stay there. If you don’t like it, no problem”, dizia ele.
    O hotel do amigo, muito próximo do forte emblemático da cidade, tinha uns quartos bem engraçados e baratos. Como conseguimos espremer ainda mais o preço (entenda-se negociar) e como não queríamos que o Sajid voltasse para Udaipur sem comissão, marcámos lá a segunda noite.
    O Sajid ganhou umas rupias extra e nós ficamos contentes por ajudar o moço que tem que começar a pensar no casamento das duas filhas com menos de dois anos!!  O_o
    Seguimos para o hotel no qual marcámos a primeira noite. Primeira impressão: pardieiro!
    A foto não transparece a realidade...
    A foto não transparece a realidade…
    Pêlos na cama, mosquitos no wc, má decisão em optar apenas por fan, dado o calor abrasador que se sente às 20h, tomadas indianas e uma italiana no R/C a queixar-se dos ratos que por lá se passeavam. Ahh India, incredible India! =)
    Bem, janta no terraço com franceses simpáticos e israelitas desconfiados. Mosquitada presente, roti na mesa. Toca a comer!
    fortnight
    Saímos para comprar um adaptador.
    Depois de uma negociação pouco amistosa entre o dono da loja e o Diogo,   dado que o preço original era de 350 rupias ( pouco mais de 4€) e o Diogo propunha alugar o dito adaptador por 50 rupias (pouco mais de 0.50€) e devolvê-lo no dia seguinte, lá pagámos 2€ por aquilo que viabilizaria a nossa conexão ao mundo ocidental.
    No dia seguinte, de manhã, dirigimo-nos à estação de comboios para comprarmos o bilhete para Amritsar. Viajar em AC2 nestes comboios é muito confortável e é uma excelente opção no caso de viagens longas, pois permitem-nos poupar a noite num hotel. Este raciocínio deve ser comum entre muitos turistas e por isso mesmo os lugares esgotam muito facilmente. Temos por hábito consultar online os trajectos de comboio disponíveis, custos e disponibilidade no site cleartrip.com e ultimamente praticamente todos os comboios para todos os trajectos que pretendemos fazer estão completamente lotados. A informação que consta no site é “x lugares em lista de espera até 18, 20, 30, …de Agosto”!!!  Ora portanto…temos duas opções…passar na estação, no international bureau e ver o que podem fazer por nós ou pedir no hotel se conseguem encontrar algum bilhete ( isto porque existem quotas de emergência, que não são mais que os últimos lugares por preencher vendidos a um preço significativamente mais caro).
    Tendo isto em conta, fomos à estação. Oops, no tickets available para Amritsar por agora, só no final de Agosto. Já que ali estávamos, perguntámos se existiam lugares vagos no dia seguinte para Agra ( destino que se seguia a Amritsar), uns segundos de espera e…Taj Mahal, here we come! Saímos amanhã às 23h45 para Agra ( viagem de 11h).
    Sem saber ao certo como vamos encaixar Amritsar no nosso roteiro, porque temos previsto sair da Índia para   o Nepal no dia 16, lá seguimos para o hotel do amigo do Sajid para check-in e almoço no terraço com vista para o forte.
    Está um calor abrasador e temos uma vacaria colada ao hotel. Resultado: resorts de moscas por tudo quanto é canto. No problemo, estendemos a roupinha, acabadinha de lavar no wc do quarto, mesmo por cima das vaquinhas e deliciámo-nos com a comida do hotel! Bem, o pudim de arroz (= sopa de grãos de arroz crus e…cenas) e o crepe de chocolate (= massa doce banhada em óleo com algum recheio de chocolate) ficaram um pouco aquém, mas valeu o esforço do cozinheiro que era extraordinariamente simpático!
    Visita ao forte. Mal chegámos à entrada deparámo-nos com as típicas duas filas. Bilhetes para indianos e bilhetes para estrangeiros. O preço dos primeiros a 1/12 do dos segundos. Diogo franze o sobrolho face à discriminação, mas que remédio…lá seguimos para a fila dos pagantes.
    Pagámos cerca de 7€ pelos dois bilhetes com direito a audio guide ( se fossemos cá da terra, pagaríamos 0.50€, not bad!!) e geralmente pedem um BI ou passaporte como garantia de que devolveríamos o aparelho, como não tinhamos nada connosco teve que ficar um telefone. Duvidamos que alguém quisesse levar um daqueles aparelhos para casa, especialmente tendo em conta que dos dois que recebemos logo um estava defeituoso e teve que ser trocado. Mas ok aceita-se.
    Começámos a visita com uma paragem numa simpática boulangerie que havia dentro do forte para que a Sara matasse saudades do belo croissant amanteigado. Depois de 10 dias de comida indiana, esta massa folhada foi o momento alto do dia!
    Finalmente começámos.
    O forte Mehrangarh é um dos maiores fortes da Índia. Está situado a cerca de 122 metros acima da cidade, com pátios enormes no seu interior e edifícios com paredes todas esculpidas à mão com ornamentações incrivelmente detalhadas.  Dentro do forte pudemos ainda visitar o museu com vários exemplares de palanquins luxuosos e howdah (as carruagens usadas para transporte sobre os elefantes). Pelo meio ainda nos cruzámos com uma espécie de guarda do museu que ofereceu o seu cachimbo de ópio para a Sara fumar. Poucos minutos depois, o forte começou a mudar de cor e tudo à volta girava e girava, começámos a travar conversa com os enormes pássaros….brincadeira, o cachimbo foi amigavelmente recusado.

    opium

    “I believe I can flyyyy, my friend”
    A meio da visita fomos literalmente encostados à parede por alguns guardas que abriam espaço para que Bollywood desse asas aos seus filmes!
    Abriram-se alas para aquilo que seria mais um set de um grande clássico, for sure!!
    Tudo extasiado à espera do grande momento, nós particularmente interessados em aparecer na película, e…”action”…banda sonora nas alturas, um grupo de indianos desata a correr pela rampa do forte envolvendo um casal que irradiava beleza, alegria e paixão… and “cut”.
    bollywoodbollywood2
    Como diria o Dev e bem, “heavy llevel”!
    A nossa viagem dava um filme indiano. Literalmente! :)
    Ouvimos um pouco de história sobre a fundação da cidade e sobre família dos seus fundadores; visitámos salas absolutamente luxuosas que evidenciavam a enorme riqueza da realeza, nas quais podíamos admirar o vestuário, os quadros, meios de transporte, … E acedemos a uma das melhores vistas sobre a cidade, que nos permitia vislumbrar o azul das fachadas de muitas das casas.
    bluecity
    fortus2 usbyfort fort5 fort4 fort3 fort2
    No final da visita já perto das 17h (hora de encerramento), os senhores dos audio guides vieram avisar-nos que tinhamos 5 minutos para levantar os nossos pertences, porque depois eles iam para casa. Ou seja, percebemos que o nosso telefone ia ficar lá durante a noite, o que com comboio na manhã seguinte, seria de evitar. Em 3-4 minutos corremos as salas restantes e lá conseguimos entregar o aparelho a tempo.
    Descemos o caminho íngreme do forte em direcção à cidade e à nossa guesthouse para um merecido descanso e último repasto em Jodhpur.
    fort1fortday
    door
    Bolacha Maria à la Índia
    Bolacha Maria à la Índia
    De salientar o trabalho incrível de Sara Alves, neste momento já totalmente viciada em cozinha indiana. Dado que o nosso cozinheiro da guesthouse estava sozinho a tomar pedidos, cozinhar e servir….Sara to the rescue…senão ora vejam:
    saracooking
    No restaurante no terraço da guesthouse, uma última foto do forte para a despedida e amanhã…Agra!
    fortbynight

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