O Hawaii surgiu nos planos da viagem quando percebemos que era mais económico voar de Auckland para Honolulu e a partir daí apanhar um voo para Las Vegas numa espécie de low cost americana, a Allegiance. Para além disso deu-nos a hipótese de viajarmos atrás no tempo, o que achámos que seria algo de interessante para acrescentar à viagem.
De Auckland apanhámos um voo para Honolulu na Air New Zealand, a melhor promoção que conseguimos, não um grande preço, mas poupámos na alimentação no avião com um lanchinho preparado em casa. Levantámos voo pouco depois das 11h do dia 2 de Fevereiro, num voo tranquilo onde era previsto aterrarmos no dia 1 de Fevereiro, sim leram bem, 1 de Fevereiro, por volta das 23h.
Esta viagem levou-nos a atravessar o mítico ponto do Oceano Pacífico onde todos os dias começam e acabam e onde é verdadeiramente possível viajar atrás no tempo, atravessando a fronteira entre o hoje e o ontem, ou hoje e amanhã consoante a direcção. No nosso caso foi um hoje para ontem.
Chegámos a Honolulu tardinho, tendo já as indicações pré-carregadas sobre como chegar ao centro da cidade de autocarro.
Primeira dificuldade como mandam as regras…a moeda. A dificuldade não eram os dólares, pois ainda tinhamos reservas, mas sim o troco…chegados à estação de autocarro onde passava a rota que nós queríamos percebemos que teríamos que ter o mítico “exact change” para embarcar, pois os motoristas não têm trocos. Dado que o autocarro estava mesmo a chegar, nada como enchermo-nos de lata e pedir a dois viajantes desconhecidos que nos pagassem a viagem. Tranquilo, no pasa nada. Como não tinhamos moeda para lhes pagar perguntámos se tinham Paypal e trocámos emails para regularizar a dívida. Claro que nunca mais viram o guito. Mas o que é que estavam à espera, emprestando dinheiro a backpackers tugas ahahah! Brincadeira, mães, brincadeira.
Embarcámos para uma viagem de cerca de uma hora até ao centro e daí foram uns 3-4min a pé até ao hostel. Tinhamos marcado apenas uma noite, pois esperávamos encontrar novo poiso para o resto dos dias.
Aqui um pequeno aparte para comentar a oferta hoteleira em Honolulu, mais ainda a hosteleira. Tudo é caro nos EUA quando falamos de alojamento. Estupidamente caro. Os hostels são sempre a opção para backpackers, a não ser que consigam Couchsurfing ou bom AirBnB, que nós não conseguimos porque não tivemos nenhum “yes” aos nossos pedidos e no caso do AirBnB oferta escassa. Honolulu voltou a fazer-nos usar nesta viagem o termo pardieiro. Nenhum hostel nesta cidade era sequer decente, a preços consideravelmente elevados. Mal mantidos, pouco limpos, desarrumados, poucos factores positivos a não ser a simpatia de algumas pessoas.
A primeira noite foi chegar pousar maletas e recompensar-nos saindo de imediato para comer algo numa das inúmeras lojas de conveniência nas ruas. Um pequeno passeio apenas mas recolhemos cedo pois queríamos aproveitar o dia seguinte. Antes disso ainda conhecemos uma recepcionista polaca lá desterrada depois de perder o amor da sua vida: um tuga.
De manhã começámos com o pequeno-almoço “faça você mesmo”, nada contra, não o melhor mas comia-se. Ovos e tostas com compota ou a tradicional peanut butter, acompanhados de café com leite ou chá. Desenrascámo-nos.
A nossa amiga polaca lá nos ajudou a apanhar autocarro para uma zona de praias do outro lado da ilha e seguimos.
Um dia esplêndido de praia para compensar os visitantes tugas. Not bad! Água ótima, boa temperatura e bem azulinha, com ondinhas para dar emoção e pouca gente. Perfect combination.
Passeámos um pouco pelas ruas da mini-cidade dessa praia, apanhando o bus a meio da tarde para o regresso. Um Starbucks pelo meio para matar tempo e depois de um refrescanço, mais um momento alto: Hard Rock Café Honolulu. Com comezaina para nos tirar uns anos de vida. Most excellent!
No dia seguinte tivemos que fazer o check-out e seguir para o nosso segundo hostel em Honolulu (para além da parca oferta ainda tivemos azar porque tivemos que marcar a estadia às pingas). Segundo hostel este, que elevou ainda mais a relevância do termo pardieiro. Numa rua não perigosa, mas claramente com ambiente mais étnico, não augurava nada de bom e o hostel correspondeu. Um prédio mal mantido, carpete em todo o lado, inclusivamente nos corredores e escadas (ao ar livre) para os quartos, o que num ambiente húmido cheio de jovens limpinhos não era grande combinação. Entretanto a chuva veio e ajudou à festa. Após alguma espera lá se fez o check-in, quarto fraquinho, vizinhos de jogar no lixo. Porta fora e passeámos um pouco embora a chuva não ajudasse. Num momento com pausa de pingas arriscámos uma ida à praia munidos de duas esteira fornecidas pelo hostel. Praias fraquinhas em Honolulu, nem chegámos perto da água.
Começámos uma mini sessão de yôga na praia e qual a nossa surpresa quando se junta a nós um senhor que parecia indiano, mas ficámos sem saber donde era. Figura bastante atlética e possante para um homem dos seus 60 anos de idade e começou a fazer ásanas connosco na praia e a querer aprender. Em inglês começámos a dar uma mini-aula de yôga e a explicar os movimentos e posições passo-a-passo com a respiração correcta. Puxámos-lhe pelo físico e ele adorou. Entretanto já tinhamos uma mini plateia de americanos na praia de olho em nós e a pressionar-nos para não nos estatelarmos…
A aula durou uns 20 minutos pois foi interrompida por uma forte chuva que tirou as poucas pessoas que arriscaram a praia naquele dia. Saímos a correr e acabámos o dia abrigados entre hostel, starbucks e lojas de conveniência.
No terceiro dia arriscámos o pequeno-almoço incluído no hostel. As famosas panquecas Havaianas…a cozinheira chegou uns 20 min mais tarde do que o previsto e tinha uma fila de gente para alimentar já…com a agravante de que fazia uma panquec de cada vez…com a fome que tínhamos naquele momento, qualquer coisa nos saberia bem. But lets face it, it was just a pancake… Nesse dia, alugámos um carro por 30 USD para visitar a zona norte da ilha conhecida pelas praias dos campeonatos de surf com ondas já grandinhas, de tamanho digno de praia havaiana e com uns belos tubos sempre a formarem-se. Antes disso passámos na baía de Pearl Harbour, com uma incursão falhada na base militar, quando fomos parados pelos militares à entrada a pedirem-nos o dístico de acesso: “Sir you cannot go through without a US Navy credential”. “Oh, sorry, we had no idea” (simplesmente somos tugas e gostamos de arriscar, tás a ver, mas ok a gente dá a volta). Fomos para o centro turístico da base, mesmo lá ao lado onde se vislumbram algumas relíquias e navios militares gigantescos lá ancorados da frota marítima norte-americana. Alguns parados convertidos em museus, alguns no activo, “ready for action”. Não visitámos nenhum navio pois iria comprometer o nosso orçamento que já estava mais do que esticado neste país, mesmo com um dia-a-dia a rapar o tacho.
Seguimos para um restaurante supostamente vietnamita para recordar bons tempos, mas bastante aquém…pelo que não demorámos muito e seguimos para as praias do norte. Era uma zona muito mais intocada, sem nada a ver com o caos de Honolulu, praias muito mais virgens, ondas enormes, zona dos campeonatos “pipe” e muitos peixinhos na água a surfar, com fotógrafos amadores nas imediações, umas casinhas de luxo em cima da praia e uma zona muito, muito mais tranquila, sem a confusão de Honolulu. Aqui nos deixámos ficar ainda por cima porque o tempo abriu e conseguimos espreitar um pouco de sol entre as ondas. Um excelente sítio para nos sentarmos e simplesmente contemplarmos. Recomendamos!
Parámos no regresso numa vila pequena perto para um gelato, mas tudo com uma qualidade muito aquém do que se encontra nos continental USA.
De regresso lá nos dirigimos para Honolulu para entregar o carro. O nosso google maps e gps pré-carregado no Iphone aguentou-nos bem durante a viagem, mas sem a indicação da rua do stand de aluguer “Dollar” em concreto ainda nos perdemos um pouco, mas lá demos com o sítio. Antes da entrega, paragem rápida para encher o depósito. A Sara aproveitou para uma “pit stop” e mesmo quando ia entrar no WC um berro desesperado/assustado do outro lado de um homem “NO, NO, don’t come in”. A Sara apenas vislumbra uma ponta de um senhor de cor negra e de 150 kgs sentado na sanita em desespero enquanto empurrava a porta com uma mão (para impedir a Sara que a empurrou para entrar) e se segurava ao tampo da sanita com a outra num momento de clara evacuação em decurso. Ok, esta descrição alongou-se demasiado. Adiante.
A Sara assustada saltou para trás e recuou com o vozeirão do monstro assustado! Some things are best left alone.
Seguimos depois para a entrega, mas ainda tivemos que voltar atrás a meio caminho pois o nosso mítico guarda-chuva tinha ficado lá. O senhor que já limpava o carro olhou para o guarda-chuva e depois para nós com aquela cara de quem não achava que o objecto merecesse voltar atrás para o recuperar. Emotional value, sir? Ring any bells?
Com voo cedo no dia seguinte recolhemos aos aposentos. Uma visita curta, mas que valeu a pena para conhecermos um pouco do que é habitar em pleno Oceano Pacífico. Honolulu não é merecedor de uma visita por si, mas o norte e oeste da ilha sim. Com zonas muito mais paradisíacas, muito virgens especialmente no norte, esquecemo-nos que estamos nos EUA. Ficámos com muita curiosidade para visitar as outras ilhas, pois segundo o que percebemos são muito mais parecidas com o que encontramos no norte de Oahu, mas terá que ficar para um próxima!
For now…that’s all folks! Next stop…another city that never sleeps…Vegas Baby!
Stay tuned!